Eu não me importava tanto com leitura, e na verdade demorei um pouco pra perceber o que ela pode me trazer. Não que eu tivesse aversão ou a considerasse desimportante, eu só não tinha muita paciência. Achava lindo pessoas lendo, as estantes recheadas e tinha um apreço principal sob o cheiro dos livros, mas eram poucos os que me prendiam até o final.Não sei se eu era agitada demais ou desatenta demais, mas me desviada da historia constantemente..lembrava do ultimo programa de TV que eu havia assistido, pensava na roupa que iria usar a noite, ou simplesmente acompanhava a formiga que andava em cima das folhas. Só pra piorar um pouco, eu não me sentia frustrada com isso. Ui, que vergonha. Vergonha..foi o que eu comecei a sentir quando percebi que era boba, que estava enjoada de ser tão fútil... de como eram lindas aquelas meninas que liam vários livros. Sentia inveja delas, sentia raiva de mim que não havia lido sequer aquele clássico que todo mundo leu na 7ª série por causa da prova. É, aí eu acordei, dei aquele súbito estalo de dedos e disse: “Helo, sai dessa fase!” E saí. Meio tarde não?! Claro que não daria pra alcançar aquelas pessoas que nunca deram bola pras formigas, mas alimentaria meu ego intelectual. Não é que deu certo? Comecei a procurar livros que pareciam ser interessantes pra ver se me prendiam um pouco, e comecei a perder o sono por causa deles. Não digo isso agora querendo me revelar uma leitora compulsiva, inteligente e sem tempo pra televisão, até porque não sou, só gosto mesmo dos meus dois capítulos antes de dormir. Mas voltando à minha história de forma linear, veio a faculdade, e apesar de já gostar de ler, não escolhi o curso por isso, acreditem. Pode parecer cruel ou triste, mas resolvi estudar literatura porque não sabia o que queria da vida, e não admitia sair do colegial e não entrar em nenhuma faculdade, seria muito chato. Prestei vestibular no meio do 3º ano do ensino médio, pra ver como era o tal do vestibular. Passei. Pensei comigo: “Ah, seu eu não decidir o que eu quero até o fim do ano, vai essa mesmo”. É, eu não decidi, e foi essa mesmo. Talvez houvesse alguma preferência pelo curso, mas por gramática, e não literatura. Achei meio complicado no começo. Textos estranhos, coisas desnecessárias. Mas comecei a sentir conforto dentro do curso. Me interessava cada vez mais pelas aulas, pelos textos e obras, adorava discuti-las e pensava porque eu não enxergava nada desse modo antes. Fiquei feliz por descobrir como interpretar de verdade. Descobri, sem desmerecer nenhum outro curso, é claro, que somente a literatura poderia me proporcionar as sensações diversas que me permeiam. Sempre achei que tinha dom para a justiça, conselhos, opiniões, ajudar, emocionar, inventar... e agora vejo que não é preciso escolher um deles, não preciso me especializar em uma única função. Eu posso fazer tudo isso de uma vez só. Eu posso usar minhas palavras pra causar todas essas reações, juntas ou separadas, mas cada uma delas.Por isso eu agradeço àquelas pessoas que me induziram a escolher esse caminho. Aquelas as quais sequer imaginam que exista alguma admiração de minha parte. Aquelas meninas lindas, aquelas professoras, aquelas que ouviram minhas histórias e aquelas que me contaram histórias. Aquelas que me fizeram deixar de lado a menina que não queria fazer nada e descobrir a menina que quer fazer tudo!
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